De novo a história repete-se. Moçambicanos provenientes do Teatro Operacional Norte (TON) já entraram no Malawi, em pequenos grupos, à procura de abrigo seguro, na sequência dos ataques terroristas. Os ataques que começaram em 2017 na província de Cabo Delgado já atingiram Niassa, que faz fronteira com Malawi. De acordo com a Zodiack Broadcasting Station (ZBS), captada este domingo na redacção da "Carta" em Maputo, há relatos sobre a presença de moçambicanos no distrito malawiano de Mangochi.
A mesma estação radiofónica avança que o ministro malawiano do Interior, Richard Chimuthu Banda, estará no terreno ainda esta semana para se inteirar in loco sobre a presença dos moçambicanos em território malawiano. Moçambique e Malawi partilham uma extensa fronteira terrestre, lacustre e fluvial de cerca de 1400 quilómetros.
A fronteira terrestre de cerca de oitocentos quilómetros é bastante porosa e sem nenhuma vedação. Nos finais do ano passado, as autoridades moçambicanas confirmaram que os terroristas que protagonizam ataques na província de Cabo Delgado já estavam activos na província do Niassa.
Os grupos armados estão em fuga da província de Cabo Delgado, face à ofensiva das Forças Armadas de Moçambique, do Ruanda e da missão militar conjunta da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SAMIM).
Malawi tem uma equipa de apoio técnico integrada na força da SADC.
A ofensiva das tropas governamentais ganhou vigor em Julho do
ano passado, com o apoio de forças do Ruanda e, posteriormente, da SADC, permitindo aumentar a segurança e recuperar várias zonas.
A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico. O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, de acordo com as autoridades moçambicanas.
A história repete-se
Durante o conflito armado de dezasseis anos em Moçambique, Malawi abrigou mais de um milhão de refugiados moçambicanos entre 1985 e 1995. A crise dos refugiados colocou uma pressão substancial sobre a economia do Malawi, mas também atraiu entradas significativas de assistência internacional.
Em 2015 e 2016, durante os confrontos entre o exército moçambicano e os homens armados da RENAMO, mais de 12 mil moçambicanos maioritariamente das províncias de Tete e Zambézia cruzaram a fronteira e procuraram refúgio no Malawi, segundo dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). Hoje em dia quase todos já regressaram a Moçambique.
E de novo, pequenos grupos de moçambicanos estão a entrar no Malawi à procura de refúgio, devido aos ataques protagonizados pelos terroristas contra civis.
Fonte: Cartamz