Impera o silêncio. Depois de relatos de ataques em Cabinda do braço-armado da FLEC, o Governo continua sem prestar informações.
Nas redes sociais, circularam imagens dos supostos ataques. Um deles teria ocorrido na comuna do Dinge, o outro na comuna de Massabi, na aldeia de Tchintanzi.Numa entrevista publicada online, José Manuel Vaz, um alegado membro da FLEC, reivindicou o ataque. "Nós reconhecemos que somos autores deste ataque e, nesse momento, há muita movimentação da tropa no terreno."
Fotografias que circulam nas redes sociais mostram corpos estendidos no chão, com fardas militares ensanguentadas. Mas a DW não conseguiu apurar a veracidade das imagens, à semelhança de outros órgãos de informação.
O silêncio das autoridades
Até agora, não houve esclarecimentos das autoridades sobre os supostos ataques, nem sobre possíveis vítimas mortais ou ferimentos. A DW tentou obter uma reação do Exército e do Governo provincial, sem sucesso.
Numa nota informativa do comando da Região Militar de Cabinda, a que a DW teve acesso, refere-se apenas que houve uma ação de elementos da FLEC contra as tropas angolanas na aldeia de Tchintanzi, e são endereçadas críticas às forças congolesas destacadas na região, alegadamente por terem permitido que esses elementos se refugiassem na zona.
Face a tudo isto, Carlos Vemba está preocupado. Para o presidente do Movimento Independentista de Cabinda (MIC), este silêncio das autoridades é propositado.
"São dois propósitos a esclarecer: Primeiro, é para mostrar à comunidade internacional e nacional que há paz em Cabinda. E o segundo, para não demonstrar ao povo cabindês que ainda há um conflito armado", explica.
Críticas a João Lourenço
Em 2018, o Presidente angolano João Lourenço afirmou em entrevista à DW que acompanhava a situação de Cabinda "com tranquilidade". E perguntou: "O que é que se passa em Cabinda?"
Em resposta, a FLEC disse que a questão de João Lourenço foi uma "piada de mau gosto". Acusava ainda João Lourenço de irresponsabilidade e de minimizar a situação em Cabinda.
O ativista Arão Bula Tempo, defensor dos Direitos Humanos, também lamenta o silêncio do Governo angolano, sobretudo do Presidente. E pede uma solução para Cabinda:
"O Presidente da República trabalha com indivíduos que não querem pensar no futuro de Angola e até na pacificação de Cabinda. Isto é muito mau."