Num dos terminais mais movimentados de Maputo, a Praça dos Combatentes, vulgo Xiqueleni, encontramos Custódio Rafael à espera de transporte. Residente em Marracuene, a pouco mais de 30 km do centro da cidade, faz ligações e por mês a conta chega ao equivalente a 90 euros.
"Por dia gasto quase 16 meticais. E fazendo as contas para todo o mês gasto seis mil meticais para uma pessoa, não está fácil", conta Rafael.
Para Maria Angela não é só o transporte que está a asfixiar os moçambicanos, "é energia, é água, tudo, não há nada que está melhor nos preços. Matrículas só foi antes de ontem que fui fazer" e termina dizendo que "uniformes ainda nem fui comprar".
Subida "não é comum"
A subida generalizada de preços, logo à entrada do ano 2022, não é comum no país diz a economista Estrela Charles do Centro de Integridade Pública (CIP), "tivemos a subida de preços de combustíveis, transportes públicos, produtos de primeira necessidade, os impostos, a energia".
"É um conjunto de bens que tem aumentado de preço e de forma rápida e de forma conjunta", afirma a economista.
A vendedeira Joana Faustino queixa-se da falta de ajuste proporcional do salário à subida dos preços, "o salário, nada compensa naquilo que é a subida dos preços e o custo de vida”.
O orçamento das famílias moçambicanas alterou e Zito Ramos, funcionário público, tem de fazer alguns cortes no seu orçamento, "vai ser difícil. De algumas coisas não devemos nos alimentar. Vou comprar um saquinho de arroz, óleo, adaptar-me ao caril e vai ser muito difícil".
Subida de combustíveis piora o difícil
A economista e professora universitária Estrela Charles adverte que a vida dos moçambicanos poderá piorar por causa do aumento do preço de combustível no mercado internacional.
"Provavelmente num período muito curto teremos um novo aumento do preço de combustível e automaticamente um aumento ainda maior em termos daquilo que são os bens e serviços de primeira necessidade", explica a economista.
Na opinião de Charles, este aumento de preços "vai agravar ainda mais o nível de vida das populações, principalmente as de renda muito baixa".
Fonte: DW