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Exploradores de Ouro podem ter sonegado MZN 750 milhões em 2020

Exploradores de Ouro podem ter sonegado MZN 750 milhões em 2020

As empresas que exploram Ouro em Moçambique podem ter declarado menos 250 quilogramas ao Estado no que toca à sua produção em 2020. Sem aumentar o número de operadores e de áreas de exploração, o país registou uma subida galopante, em 2021. Foram declarados, no ano passado, 800 quilogramas da pedra preciosa, contra 545 do ano anterior.


A indústria extractiva e a sonegação continham elementos da mesma equação em Moçambique. Na extracção do ouro, o Ministério dos Recursos Minerais e Energia intensificou a fiscalização em 2021 e, pela primeira vez, o nível de registo de produção atingiu um número recorde, 800 quilogramas.

Isto aconteceu numa altura em que o número de operadores e de zonas exploração não registou aumento, aliás, houve menos operadores no terreno devido à COVID-19. Mais do que isso, em 2020, ano em que houve mais empresas a trabalhar, o registo de produção ter-se-á situado em 550 quilogramas, ou seja, menos 250 quilogramas.

Mas, o que isso significa em termos monetários?

De acordo com o portal Goldprice, um quilograma de Ouro custa Três milhões de meticais. Esse valor, multiplicado por 250 quilogramas, que podem ter sido produzidos, mas não declarados em 2020, é igual a 750.000.000 de meticais.

A Unidade de Gestão do Processo Kimberley (UGKP), instituição subordinada ao Ministério dos Recursos Minerais e Energia (MIREME) criada em 2019 para tratar do licenciamento, certificação, importação e exportação de pedras preciosas e gemas, prefere não falar de perdas.

“As empresas apresentam justificações como supostas avarias e outros factores, quando questionadas sobre por que declaram menos em 2020 e o nível aumentou tanto em 2021,” disse Emídio Cuamba, Coordenador dos Serviços Técnicos UGKP.

Na prática, o que ocorre é que, os exploradores industriais licenciados mentem às autoridades todos os anos sobre as quantidades que conseguem extrair do solo. Declaram menos para pagar menos em receitas.

“Essa é a conclusão que tivemos com o trabalho de rastreio que fizemos durante o ano de 2021. Ao que tudo indica, a desonestidade nas empresas é antiga”, disse Emídio Cuamba.

Terá sido este o esquema que, durante anos, impediu que Moçambique, que tem várias minas de Ouro em todas as zonas do país, o encaixe de receitas seja reduzido.

As desconfianças sobre o esquema são antigas, mas a descoberta foi feita ainda no início do ano, pelo que 2021 foi marcado pela criação de brigadas técnicas que têm estado a fazer o rastreio da produção das empresas que estão no sector, num plano que inclui também grupos que fazem mineração artesanal.

“Quem ouve estes números recorde sem conhecer a realidade pode pensar que contamos com a entrada de novos operadores para obter esses números recorde, mas não. Isto é resultado de uma maior fiscalização. Mudamos a forma de rastrear a produção”, disse o Coordenador dos Serviços Técnicos da Unidade de Gestão do Processo Kimberley, que acrescenta que os ganhos podiam ter sido ainda maiores não fossem as restrições impostas pela pandemia da COVID-19, que obrigou a retenção de alguns operadores nos seus países de origem”.

Bloqueou-se a sonegação de produção e foram criadas estratégias para que os exploradores artesanais vendessem a sua produção aos operadores licenciados. “Com esta estratégia, a ambição do Ministério dos Recursos Minerais e Energia é garantir que mineradores artesanais vendam o seu produto aos detentores de licenças de comercialização, garantindo a tributação e incremento das receitas provenientes da produção, acrescenta o documento”, afirmou Emídio Cuamba.

PERSPECTIVAS PARA 2022

Com a estrutura montada, espera-se maior produção em 2022. “Vamos intensificar ainda mais o controlo e contamos com a retoma das empresas que, em 2021, não puderam seguir com os trabalhos por causa da pandemia”, avançou, optimista, o Coordenador dos Serviços Técnicos UGKP.

Isso não é tudo. Há três grandes operações que vão iniciar em Manica, Zambézia e Nampula. O projecto de Manica concentra mais atenções por estimar produzir 360 quilos de Ouro por ano
Fonte: O Pais

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