Perto de 50 trabalhadores da empresa marítima Maputo Shipyard estão há sete meses sem salário, ou seja, desde Junho de 2021, e aguardam ainda pelo pagamento do vencimento de Novembro de 2016.
A situação, segundo os trabalhadores, acontece desde meados de 2016, quando entrou uma nova gerência na empresa. Vezes sem conta, abordaram o assunto com o patronato, mas sem sucesso.
Alexandre Macamo, funcionário da empresa há mais de 30 anos, contou ao “O País” que, quando tentam reivindicar os seus direitos, lhe são atribuídos nomes pejorativos, como analfabetos, sangue de barata, entre outros.
“Desde 2016 quando entrou esta gerência, as coisas não andam bem, logo que entraram, ficaram três meses sem pagar, sempre ficam quatro ou cinco meses sem darem salário e, quando pagam, o dinheiro não vem completo, sempre acumulam dívidas”, disse Alexandre Macamo.
Os trabalhadores contam ainda que lhes foram retirados todos os subsídios de férias e 13º. Aliado ao atraso de salários, falam de dias de sofrimento.
“Em casa, estamos a passar mal, não temos o que comer, assim que as aulas iniciarem não sabemos como faremos para as crianças poderem voltar à escola; temos muitas dívidas acumuladas”, desabafou o funcionário.
Numa das conversações que decorreu entre os trabalhadores e o patronato, chegaram ao acordo de que, em Dezembro último, receberiam e, de facto receberam, metade de salário de um mês, para poderem passar as festas.
Ou seja, quem recebe 8.000 Meticais teve a metade, 4.000, mas houve ainda quem recebeu 2.500 e até 2.000, valores que, segundo os trabalhadores, não ajudam em nada, principalmente num contexto em que já estão com muitas dívidas.
“Depois de pagarem esse valor, no dia 20, prometeram-nos que, logo no dia 27, teríamos parte do salário em dívida, mas, para o nosso espanto, até aqui não há nada”, reclamou Nelson Simão.
Apesar dos salários em falta, os funcionários continuam a trabalhar, entretanto, desde esta segunda-feira (03.01), decidiram fazer uma manifestação pacífica para reivindicar os seus direitos.
Esta terça-feira, estiveram na greve 26 trabalhadores, apenas metade do número total, porque os outros já não têm condições para ir ao trabalho (falta de dinheiro de transporte, por exemplo), mas, quando faltam, também sofrem algumas sanções.
“Quando faltamos, marcam faltas e até dizem que vão cortar quando pagarem o salário. A mim, por exemplo, já perguntaram se quero que a empresa seja movimentada até à minha casa para eu poder trabalhar”, lamentou Fernando Guambe.
Perante as alegações, “O País” tentou ouvir os responsáveis da Maputo Shipyard, mas recusaram-se a falar, alegando que “nós não tratamos o nosso assunto com a imprensa, tratamos apenas com os nossos trabalhadores”.
O caso já foi participado ao Ministério do Trabalho e Segurança Social.
Fonte: O Pais