Há cada vez mais focos de lixo e fraca recolha no Município da Matola, Província de Maputo. Se, por um lado, a população acusa o município de inércia, por outro lado, a edilidade aponta os operadores privados como os que propiciam a proliferação de resíduos sólidos.
Lixo, lixo e mais lixo é o que se pode ver em vários bairros do Município da Matola, uma situação que não só tira o sono, mas também o apetite de quem a vivencia.
A nossa equipa fez uma ronda pelas artérias da cidade e o lixo amontoado, seja ao lado de contentores, seja no chão, misturado com água, é um elemento em comum nos bairros.
Machava sede, Machava 15, Tchumene e Nkobe são alguns dos bairros que ostentam um cenário que preocupa os munícipes, que clamam por socorro a quem de direito.
Apesar da recolha diária do lixo por parte do Município, em pontos como o da Machava Sede, o lixo já salta dos contentores e mistura-se com água suja e mal cheirosa, fica impossível travar sequer uma conversa longa próximo, como contou Daniel Muianga, munícipe e vendedor nos arredores de onde situa-se a montanha.
“Está cheio de lixo aqui [no bairro] e demoram a remover. Aqui há moscas e por perto há restaurantes, barracas e outros estabelecimentos onde não costuma ser fácil estar”, contou Muianga.
O munícipe conta que a água que ali está estagnada não é da chuva e tudo indica que é contaminada.
“O cheiro daqui piora com esta água da empresa sabão brisa que, mesmo sem chover, drena água para esta rua, que hoje está intransitável”, concluiu a fonte, tendo reiterado o pedido ao município para a reabilitação da rua, que segundo eles era uma via rápida para as suas casas.
Bem no entroncamento do bairro Machava 15, que liga Nkobe, Matola Gare e Tchumene, encontramos mais um foco. Ali há uma espécie de bacia de retenção de água mal cheirosa, com capim alto e montões de lixo.
Os comerciantes, bem como os munícipes contam que há muito que não têm um contentor, onde depositar o lixo. A situação pode propiciar doenças, sobretudo porque os vendedores e as moscas estão no mesmo espaço.
“Nós vendemos assim mesmo. Não temos o que fazer, já que o município não quer remover o lixo”, desabafou uma vendedeira, que não quis se identificar.
Júlia Cuco, munícipe, reparte a culpa dos montes de lixo aos populares, que abandonam as lixeiras e deitam-no em locais impróprios. Para ela, “as pessoas também são culpadas por esta situação, mas o município também deve ser mais responsável e colocar aqui contentores e remover frequentemente o lixo”.
Num outro local, ainda no município da Matola, a população não só pede a remoção do lixo, mas também clama pela vedação daquele que é um espaço reservado pela edilidade para a construção de um mercado, mas há mais de cinco anos, nada acontece. O capim está alto, parte do muro de vedação tombou e a população usa o espaço como lixeira.
“Estamos cansados deste cenário. Aqui sofremos de lixo, mas também da praga de gafanhotos que invadem as nossas casas”, disse Rebeca Chambe, uma vizinha do local onde se deposita o lixo “aos montes”.
Deste local reclama-se da mata que, na calada da noite, pessoas de outros bairros deitam lixo, malfeitores se escondem para ferir ou roubar e répteis diversos se proliferam.
Não tardou e o município reagiu.
“Temos estado a enfrentar desafios no processo da remoção dos resíduos sólidos, mas temos feito todo o esforço para que ele aconteça”, assumiu Firmino Guambe – Porta-voz no Município da Matola.
Para responder às preocupações dos munícipes, a edilidade da Matola diz que tem contado com o apoio de alguns operadores privados. No entanto, alguns destes têm estado por detrás da proliferação de focos de lixo.
“Parte destes provedores são desonestos, pois no lugar de recolher os resíduos sólidos para o local preparado para o efeito, acabam depositando o lixo em pontos intermédios, ou seja, recolhem o lixo nos bairros e depositam em qualquer local”, disse o Porta-voz do Município da Matola.
Segundo Firmino Guambe, esta acção é do conhecimento da edilidade, que já busca formas de resolver, e uma das estratégias que se pretende adoptar é a eliminação das taxas cobradas aos privados nas lixeiras, pois em algum momento eles pautam por esta atitude para fugir das cobranças.
Sobre a existência de uma empresa que lança água para a via pública e o futuro mercado grossista da Matola que alberga répteis, Firmino Guambe diz que a edilidade conhece essa realidade e acções serão levadas a cabo para revertê-la.
Fonte: O Pais