Enquanto prossegue a violência na Província de Cabo Delgado, que agora se estendeu para Niassa, alguns moçambicanos começaram a migrar para Malawi, através de rotas oficiais e clandestinas.
Como consequência, um grupo de 17 pessoas está acomodado na Autoridade Tradicional de Nkumba, no distrito de Mangochi, depois de ter chegado há uma semana. Outro grupo está na esquadra da polícia de Katuli, no mesmo distrito.
Mangochi, à beira do Lago Niassa, é um dos distritos malawianos que faz fronteira com Moçambique, através da província do Niassa. Residentes de Mangochi disseram ao diário malawiano "The Daily Times" que os moçambicanos estavam a entrar no Malawi, onde procuram refúgio, quase todos os dias. Alguns são acomodados por seus parentes, enquanto outros são hospedados em instituições públicas.
Um dos deslocados, que se identificou como Namanya Andrewson, disse que ele, esposa, oito filhos e sete netos fugiram para Malawi para salvar a sua vida. Referiu ainda que caminharam a pé desde Niassa até Mangochi, depois que indivíduos que ele acusou de serem terroristas terem morto pessoas numa aldeia vizinha. “Eles matavam pessoas com facas. Não podia ficar e arriscar a minha vida e a de meus filhos. Como tal, tive que deixar tudo para atrás e vir para o Malawi para viver em paz”, disse Andrewson.
Quando chegaram a Mangochi, os 17 deslocados dirigiram-se ao Hospital de Nkumba e, depois de alguns dias, uma mulher identificada como Siphat Faki começou a acomodá-los na sua casa de dois quartos, que costumava abrigar um inquilino.
A mulher deu-lhes o seu único saco de milho para sobreviver porque os deslocados não tinham comida e as crianças estavam com fraqueza devido à fome. A Cruz Vermelha do Malawi doou na terça-feira alguns artigos, como cobertores, utensílios de cozinha e tendas aos moçambicanos, mas os deslocados não têm o que comer.
Andrewson disse que eles têm sobrevivido com milho. “Não temos comida suficiente para dois dias”, disse Andrewson.
Presentemente, os funcionários da Administração de Mangochi estão a trabalhar com funcionários do Ministério de Segurança Interna para registar todos os deslocados moçambicanos antes de decidir sobre onde acomodá-los.
O Director de Gestão de Desastres da Cruz Vermelha do Malawi, Aston Mulwafu, disse que sua organização recebeu um pedido das autoridades para apoiar os deslocados provenientes de Moçambique, devido ao conflito no país.
Fonte: Cartamz