As chuvas intensas, que caíram nos últimos dias, na Cidade e província de Maputo, mais uma vez, reavivaram a precariedade das estradas e ressuscitaram os problemas de saneamento e drenagem das águas pluviais
Um dos troços mais famosos quando se fala de precariedades das vias é o da Mafurreira, onde condutores de viaturas de todo o tipo são obrigados a fazer manobras para esquivar os buracos existentes no meio da estrada.
Com a chuva, o cenário agrava-se, a água fica estagnada nas covas e alguns condutores, sem se aperceber, batem nelas, danificando as suas viaturas. É o caso de Samuel Matola, condutor de uma viatura ligeira.
“Já bati tanto nestas covas que o meu carro está danificado, se até um carro maior não aguenta passar por aqui, imagina o meu; é um grande esforço que estou a fazer. Continuando assim, acho que não deviam exigir-nos a inspecção, com vias que em nada ajudam”, reclamou o condutor, que contou que até usa vias alternativas nalgumas vezes, mas a situação é a mesma.
Segundo os condutores, nas horas de ponta pelo troço não se passa, cria-se um tráfego “intenso” e para passar por um troço de pelo menos 50 metros.
Mais para frente, no desvio da Machava 15 para Nkobe, aos solavancos os condutores também tentam contornar os buracos agravados pelas últimas chuvas, quem passa constantemente pela via, está cansado de conviver com o problema que já tem “barba branca”.
“Estrada está degradada, estamos a pedir ajuda, aqui não há passagem, todos os dias os nossos carros param, perdemos peças aqui dentro da água, de tanto batermos nestas covas, estamos a pedir ajuda”, apelou o condutor de transporte público, Ivo Nhamir.
Por conta da situação, esta quarta-feira, os transportadores públicos paralisaram as suas actividades para reivindicar melhores condições da via, uma vez que, segundo os mesmos, pagam impostos e, no final do dia, nada é feito com o dinheiro que pagam, sem contar com sanções que recebem por parte da Polícia Municipal e de Trânsito por conta do estado das viaturas, que resultam das condições da estrada.
Conforme contou ao “O País” Alexandre Francisco, a via já esteve pior do que a equipa de reportagem encontrou nesta quinta-feira.
“Preferimos perder parte do dia reivindicando mesmo, pelo menos fizeram alguma coisa, vieram pôr pedras aqui, mas isso não é nada, porque, nas próximas chuvas, o problema vai continuar, o Município devia preocupar-se mais com as estradas”, reivindicou.
Na estrada, a situação é também pior, entretanto nalgumas casas do bairro Machava 15, os residentes vivem em casas alagadas, desde que choveu. Bachir Chemane tem todo o quintal cheio de água e, por não ter uma solução das autoridades, decidiu alugar uma motobomba para tirar a água do seu quintal e de seus vizinhos.
Ao “O País” relatou que, por hora, deve pagar 100 meticais e vê a possibilidade de construir um muro que servirá de barreira para a entrada da água na sua casa.
“A minha sorte foram as barreiras de areia que fiz com esses sacos e coloquei na entrada, porque, se não, toda água estaria dentro de casa; agora rezo para que não chova mais, porque, se chover antes desta água baixar, sem dúvidas vai entrar na casa, que é o único lugar seguro que temos agora”, desabafou Leonor Ricardo, que depois questionou: “estamos a lamentar sempre, mas nada muda, agora vamos chorar para quem?”.
A questão não é só de Leonor, mas de tantos outros munícipes, que há anos esperam por uma resposta, mas, enquanto isso, só lhes resta seguir a vida, em casas alagadas.
Fonte: O Pais