"A sinergia das nossas forças combinadas tem mostrado resultados excelentes" e as equipas do Ruanda "permanecerão totalmente comprometidas em continuar com a jornada em busca de soluções", referiu o chefe de Estado-Maior da Força de Defesa do Ruanda, general Jean Kazura.
Segundo um comunicado publicado pelo Ministério da Defesa ruandês, a reunião decorreu na sede da Polícia Nacional do Ruanda, em Kigali, capital do país. O encontro serviu para rever seis meses de apoio militar no terreno, em Cabo Delgado, prestado pelas tropas e polícia ruandesas.
Objetivos para Moçambique
Para além do apoio das tropas no terreno, o comunicado explicita que " a recuperação total da província tem como premissa a retomada das atividades económicas e o regresso dos deslocados para as suas casas".
Simultaneamente, pretende-se continuar um processo "de reforma do setor de segurança através da formação e desenvolvimento de capacidades das forças de segurança de Moçambique".
Por seu lado, o chefe de Estado-Maior das Forças Armadas de Moçambique, almirante Joaquim Mangrasse, pediu às forças do Ruanda "que continuem a apoiar as forças moçambicanas através do treino, por um lado, e da luta contra os insurgentes onde quer que se encontrem".
Palma e Mocímboa da Praia, zonas mais ocupadas por insurgentes e próximas dos projetos de gás em construção na região, são as principais zonas de atuação das forças ruandesas, nota o comunicado.
Balanço do conflito
O conflito armado em Cabo Delgado, norte de Moçambique, cresceu em novembro, originando "o maior número de ataques registados desde julho de 2021", de acordo com um relatório das Nações Unidas divulgado esta segunda-feira (10.01).
De acordo com a matriz de rastreamento da Organização Internacional das Migrações, o conflito aumentou em novembro, sendo este o maior número de ataques registados desde julho de 2021. Isto resultou em mais de 20.500 pessoas deslocadas, das quais 51% eram crianças.
Estima-se que, no total, haja cerca de 734 mil pessoas deslocadas internamente no norte de Moçambique, números que foram consolidados até há cinco semanas e represente uma diminuição de cerca de 9 mil em relação a setembro.
Danos colaterais
"Com o início da época de escassez agrícola", até às colheitas que arrancam em abril, "estima-se que mais de 1,1 milhões de pessoas em Cabo Delgado, Nampula e Niassa enfrentem altos níveis de insegurança alimentar", acrescenta-se no documento.
Segundo as Nações Unidas, apenas uma em cada 10 famílias deslocadas em Cabo Delgado tem uma dieta adequada.
Malária, síndrome febril e diarreias permaneceram como as principais doenças em Cabo Delgado, com quase 741.700 casos, 154 mil e mais de 40.100 acumulados, respetivamente.
Entre os deslocados, 90% apontam a falta de abrigo como necessidade mais urgente, seguida por alimentação (88%), itens não alimentares (70%), água potável e saneamento (60%) e saúde (41%).
O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.
Desde julho, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu recuperar várias zonas, mas o conflito alastrou em novembro para a província vizinha do Niassa.
Fonte: DW