Moçambique está sob o risco de uma nova depressão. As autoridades nacionais preveem para os próximos dias cenários de mais catástrofes naturais com gravidade, depois da devastação provocada pela tempestade tropical Ana, há pouco menos de quinze dias.
O autarca de Quelimane, Manuel de Araújo, diz para o surto de eventos mais violentos, de acordo com informações de base científica: "A frequência irá aumentar e provavelmente também a gravidade desses ciclones".
Na sequência dos episódios frequentes dos últimos anos, Manuel de Araújo alerta para a necessidade das autoridades e a população em geral se preparar no sentido de compreender melhor as causas das catástrofes naturais. Sublinha como imperioso que o país tem de formar pessoas e se equipar melhor, de modo a mitigar os impactos dos ciclones.
"É algo que não se pode evitar, mas sim é algo com que nós temos que aprender a viver e a conviver. Se formos a ver, nos últimos 20, 30, 40 ou 50 anos tem-se registado a ocorrência cada vez mais frequente de ciclones", constata Araújo.
Papel dos municípios na gestão de calamidades
Além da recente tempestade tropical Ana, o edil de Quelimane lembra, por exemplo, os ciclones Idai e Kenneth, registados em março e abril de 2019, respetivamente.
Na entrevista que acaba de conceder à DW em Lisboa, o autarca considera que os municípios têm um papel crucial na implementação do plano de gestão das calamidades naturais. E aconselha os seus pares moçambicanos a recolherem ensinamentos e experiências de municípios de outros países, como é o caso de Portugal.
"Estamos aqui, por exemplo, a reforçar as nossas relações com esses municípios na área do saneamento, do cadastro urbano, na própria área do urbanismo, da arquitetura, da gestão dos assentamentos informais, planificação de novos bairros, novas cidades, planos de estrutura", revela o edil.
Araújo precisa que foi a Portugal para manter contacto com várias instituições, como a Universidade de Coimbra e outras, como também vários municípios (Coimbra, Cantanhede e Águeda, por exemplo), "no sentido de podermos estreitar as relações entre o município de Quelimane e essas entidades para a transmissão e partilha de conhecimentos na gestão de questões ambientais e de mudanças climáticas, na gestão de desastres naturais".
Fonte: DW