O chefe da comunidade moçambicana refugiada no Malawi, Domingos Faria, diz que desde que os mais de 2500 moçambicanos chegaram àquele país, não tiveram nenhum apoio do Governo moçambicano. Diz ainda que nem a embaixada e muito menos o cônsul fizeram algum contacto para com as vítimas da Depressão Tropical Ana.
Os moçambicanos refugiados na República do Malawi, mais concretamente no distrito de Nsanje, vivem um drama humanitário. As famílias passam refeições graças ao apoio dos cidadãos Malawianos que, também, não escaparam dos efeitos das intempéries. Sucede que o governo malawiano e seus parceiros prestam apoio aos cidadãos daquele país, estes, por sua vez, partilharam os seus mantimentos com os moçambicanos.
Domingos Faria,
chefe da comunidade moçambicana refugiada no Malawi, estranha o facto de que, desde que os moçambicanos chegaram ao país, à procura do abrigo por via do rio Chire, nunca receberam visitas do Governo. “O cônsul chegou ontem, ele estava em Maputo. Ainda não recebemos nenhuma visita da sua parte nos centros de acolhimento. Também não recebemos nenhuma visita do embaixador, esperamos que, nos próximos dias, aconteça porque estamos a precisar de alento das nossas autoridades”, disse Domingos Faria.
Farias disse que há fome em todos os oito centros de acolhimento de refugiados vítimas da depressão Tropical Ana. “Pelo menos aqui em Nsanje a situação é razoável. Noutros centros a população está a passar mal, precisando de apoio urgente das nossas autoridades. Precisamos de comida, temos crianças aqui e não sabemos o que fazer. Se não fossem os nossos irmãos malawianos, estaríamos abandonados”, precisou.
Quem também deplorou a vida nos centros de acolhimento vítimas das calamidades naturais no Malawi é Mia Banco. Trata-se de uma idosa que saiu de Morrumbala, na província da Zambézia, em busca de abrigo. Explicou que perdeu quase tudo que tinha, casa e machamba. Contou que está no centro de acolhimento com seus seis filhos e não tem sabido o que dar às crianças para se alimentarem.
No terreno, o nosso jornal constatou o sofrimento dos moçambicanos. Foram erguidas cabanas de estacas com coberturas de folhas de árvores. Quando chove, homens, mulheres e crianças ficam sem saber o que fazer. Aliás, sobre o mesmo assunto, uma organização não-governamental está a construir, com barrotes e zinco, alguns compartimentos para algumas famílias poderem se abrigar. São compartimentos pequenos e que não chegam para famílias composta por seis pessoas.
Por outro lado, sempre que existir alimento, de acordo com uma fonte local, o governo distrital de Nsanje faz questão de também partilhar com os moçambicanos. “Nós não escolhemos a origem das pessoas para prestarmos apoio. Somos um povo irmão e partilhamos alimentação com todos diariamente”, disse a fonte sem querer ser citada.
Fonte: O Pais