São 20 os jovens provenientes de Cabo Delgado que estão a ser formados pela Incubadora de Empresas de Manica. A iniciativa é do Conselho Empresarial de Manica (CEP), que quer melhorar as condições de vida da camada juvenil daquela província afetada pelo terrorismo.
Os jovens estão a receber formação em áreas como processamento de tomate, amendoim, milho e trigo, além de linhas de produção de pregos e grampos, entre outras atividades.
Segundo Alcides Cintura, presidente do CEP em Manica, centro de Moçambique, assim que os jovens se graduarem, o Conselho Empresarial poderá alocar kits de emprego para os mesmos iniciarem o empreendedorismo.
"Estes jovens que estão a sair daqui com esta experiencia vão poder ajudar os outros jovens que estão lá em Cabo Delgado. Nós defendemos que não é no Estado em que as pessoas podem encontrar o emprego, porque nós temos um setor privado muito grande onde podemos empreender, ser negociante, empreender e fazer muita coisa para o bem do país", considera.
Melhorar a vida dos que perderam tudo
Alcides Cintura disse ainda que o CEP estendeu a sua mão para m
inimizar o sofrimento da população de Cabo Delgado, sobretudo a camada jovem que perdeu tudo por causa dos insurgentes.
"Estes jovens formados, quando voltarem a Cabo Delgado, serão eles a impulsionar a produção agrícola para poder ser processada e trazer um valor agregado e colocar no mercado. E não só no mercado de Cabo Delgado, como também fora do país ou nas outras províncias," afirma o presidente do CEP .
Alcides Cintura apela "aos outros Conselhos Empresariais que se juntem pela mesma causa porque 20 jovens é uma gota no oceano, mas é algum passo. Com essa experiencia, nós podemos transmitir para outras províncias a necessidade de poder formar aqueles jovens, pois é uma outra forma de ajudar".
Construir o futuro
Maula Serrano, oriundo do distrito de Mocímboa da Praia, é um dos beneficiários que enalteceu o gesto do CEP, pois os jovens necessitavam de um impulso para se reerguer.
"Depois da formação, vamos investir e vamos ter também bom sucesso para que garantamos o desenvolvimento dos nossos distritos, porque passamos numa situação mais grave," explica.
"Também estamos a chorar por um financiamento para investirmos no nosso negócio. Eu fui afetado pela ação terrorista e perdi minha família, esposa grávida, perdi meu filho e também perdi os meus bens," lamenta.
Avelina Mateus, outra formanda de Mocímboa da Praia, diz que a formação é bem-vinda, pois estão a ser formados em diferentes áreas de saber, o que irá impulsionar as vidas dos mesmos após o regresso.
"Nós passamos na área de processamento de biscoitos, padaria, processamento de amendoim que é para fabricar manteiga, processamento de tomate para produzir massa tomate, processamento de batata reno para fazer chips," relata.
Fonte: DW