O Comité Permanente Conjunto para a Defesa (JSCD, na sigla em inglês) do Parlamento sul-africano debate esta quinta-feira (03.03), a pedido da oposição, o envio de um contingente militar especial de cerca de 1.000 homens para a província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique.
Em declarações à Lusa, o ministro 'sombra' para a Defesa, Kobus Marais, do Aliança Democrática (DA), maior partido da oposição na África do Sul, e que integra o grupo parlamentar para a Defesa, na Cidade do Cabo, adiantou que o encontro está agendado para o final da tarde.
Marais sublinhou que a questão foi levantada pela oposição sul-africana na semana passada, salientando que o Parlamento não foi informado, até à data, pelo Governo e as Forças Armadas sobre o reforço militar sul-africano na região no norte de Moçambique.
"Neste momento, tudo o que sei de fontes credíveis fora da Força de Defesa, é que o destacamento militar já se concretizou", afirmou o deputado sul-africano.
"Eles não o confirmaram, e como foram confrontados por mim, será por isso que é um dos pontos da agenda da reunião, é o que posso adiantar, mas que não foi confirmado pela Força de Defesa", termina.
"Esperamos que a carta oficial de autorização para o destacamento do Presidente da República seja considerada e sejamos informados pelo Chefe de Operações Conjuntas", disse Kobus Marais, frisando que por lei, o Parlamento devia ter sido informado há cerca de duas ou três semanas.
Integração dos militares
De acordo com a mesma fonte, o destacamento militar faz parte da operação Vikela da Força de Defesa Nacional da África do Sul, em Cabo Delgado, no âmbito da participação sul-africana na missão militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) em Moçambique.
Em julho do ano passado, a África do Sul comprometeu-se em enviar 1.495 militares para assistir Moçambique no combate a insurgência em Cabo Delegado.
Todavia, segundo Kobus Marais, apenas cerca de 350 efetivos, na sua maioria forças especiais, foram destacados para o país vizinho.
O deputado sul-africano avançou que o novo contingente deverá integrar três companhias de infantaria da 2ª SAI, uma companhia do 1º Batalhão de Paraquedistas, um grupo especializado do 44º pelotão de paraquedistas, dois grupos de comandos do 4º Regimento de Forças Especiais, uma fragata e vários elementos de logística e apoio médico.
"Alguns militares podem já estar em Cabo Delgado e alguns podem estar prestes a serem destacados", sublinhou o deputado da oposição sul-africana.
Marais diz ainda que espera que as suas forças sejam totalmente dotadas de recursos financeiros da SADC para que não morram.
Kobus Marais estimou em cerca de 1.000 milhões de rands (57,8 milhões de euros) o custo para os cofres do Estado sul-africano com o destacamento por três meses das forças militares sul-africanas em Moçambique.
Fonte: DW