O comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM) disse este domingo (12.12) que as Forças de Defesa e Segurança (FDS) abateram, recentemente, um dos líderes dos terroristas no Niassa.
Bernardino Rafael aponta que os primeiros sinais de insurgência naquela província foram registados no distrito de Mavago, onde houve confrontos entre os terroristas e as forças governamentais. A situação alastrou-se até ao distrito de Mecula. Além de destruições de casas, agentes da polícia foram feridos.
"Os antecedentes foram, primeiro, o ataque a uma viatura da Polícia da República de Moçambique em Mavago, onde os colegas foram feridos. E, na operação que fizemos, conseguimos destruir um pequeno acampanhamento onde tinha estado ali indivíduos armados. Recuperamos algum equipamento e vimos que se tratava de homens armados", afirmou em declarações divulgadas pela Televisão de Moçambique (TVM).
Combates
O comandante da PRM relatou que a patrulha chamada de ‘Reconhecimento Combativo' entrou numa emboscada no distrito de Mecula.
"Neste combate, foi atingido um dos terroristas que era procurado, chamado Cassimo. As pessoas do Niassa conhecem-no. Era um muçulmano em Mecula e, a partir da morte deste terrorista, tiramos a conclusão de que se trata de terroristas que atravessaram de Cabo Delgado para Mecula", afirmou.
Bernardino Rafael falava este domingo (12.12), em Ressano Garcia, na província de Maputo, no lançamento da operação conjunta para a quadra festiva 2021-2022.
Nyusi expressa preocupação
O Presidente de Moçambique demonstrou preocupação com os recentes ataques dos terroristas na província do Niassa. Filipe Nyusi falou sobre a instabilidade naquela zona num discurso em Nampula, por ocasião da cerimónia de Graduação de Oficiais Superiores na Academia Militar, Marechal Samora Machel.
"Há ruídos aí na província do Niassa e em Mecula. Esclareçam isso rapidamente. Vocês sabem onde está aquele antigo Alfaiate de Palma, que está aí no mato a incomodar. Resolvam", exortou o Presidente às forças de segurança.
"O vosso dever é de contribuir na defesa da conquista dos moçambicanos e preservação dos valores contra quaisquer ameaças", disse.
"Refúgio" para os insurgentes
Províncias moçambicanas, em especial o Niassa, estão a servir de "refúgio" para os insurgentes que fogem dos combates com as FDS em Cabo Delgado.
Na semana passada, o presidente da assembleia provincial de Niassa, Artur Chitandale, alertou para a possibilidade de os insurgentes usarem a província como "refúgio" na sequência da fuga face à ofensiva das FDS, Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).
"Infelizmente, se se confirmar uma tendência de expansão da ação dos grupos armados, a guerra no norte poderá ser prolongada e não se vislumbra uma vitória instantânea", alertou João Feijó, pesquisador da organização não-governamental (ONG) Observatório do Meio Rural (OMR) em entrevista à agência de notícias Lusa.