Um ataque da força militar conjunta da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), que combate os terroristas no norte de Moçambique, terá matado mais de duas dezenas de jovens insurgentes, na região de Mueda, na província de Cabo Delgado, durante o fim de semana. A informação é avançada à DW pela Associação Kuendeleya, que cita fontes militares e civis.
Segundo relatos, os confrontos na linha de fronteira entre Moçambique e a Tanzânia começaram após a denúncia de populares de que havia terroristas disfarçados de civis que queriam fugir para o país vizinho.
Neste momento, ainda sem dados oficiais, a associação relata que há soldados governamentais desaparecidos, que alguns civis terão sido mortos e que outros fugiram para as matas.
A propósito deste tema, conversámos com Abudo Gafuro, coordenador da Associação Kuendeleya, com sede no distrito de Pemba e que cobre toda a província de Cabo Delgado.
DW África: O que se sabe sobre as denúncias de ataques na região de Mueda?
Abudo Gafuro (AG): A informação que nos chega através de fontes militares e da sociedade civil é que havia um grupo de terroristas maioritariamente jovens, entre os 12 e os 17 anos, que queriam sair [do país] por Mueda para se confundirem com civis para entrar na Tanzânia. Quando a população daquela região mais a norte, em Moçambique, na linha que limita Moçambique e Tanzânia, descobriram que não eram civis, fizeram a denúncia para que houvesse uma intervenção pronta da SADC e das forças moçambicanas. Os militares moçambicanos acionaram a força regional da SADC, sobretudo a força tanzaniana que está posicionada naquela margem. Mas houve uma fraca capacidade. Eles preferem ou preferiram que seja o Ruanda a operar porque tem eficácia nas suas operações. Neste momento, há algumas pessoas desaparecidas, mas há uma quantificação exata que são 25 terroristas abatidos e alguns terroristas em cárcere das Forças de Defesa e Segurança (FDS) moçambicanas e da SADC.
DW África: Mas sabe de alguns civis raptados ou mortos durante os confrontos?
AG: Neste momento, durante os confrontos, não há relatos oficiais de que haja morte de civis. Mas há um e outro que nos relatou que houve três mortes de civis. Eram civis que estariam a correr para outra região e que apanharam balas pelo caminho. Há muitas outras pessoas dadas como desaparecidas. Chega a 40 o número de pessoas desaparecidas naquela região.
Fonte: DW