"A emissão da decisão foi o culminar de um processo judicial imperfeito sobre o qual o Quénia teve reservas e do qual se retirou, não só devido ao seu enviesamento óbvio e evidente, mas também porque não é adequado para resolver a disputa em questão", explicou o secretário principal do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Macharia Kamau, à comunicação social em Nairobi, citado ontem pela Efe.
A disputa sobre a fronteira do Oceano Índico vem desde 2014, quando, após vários anos de negociações sem resultados, a Somália pediu ao TIJ que se declarasse competente para julgar o caso. O tribunal aprovou o pedido em Fevereiro de 2017 e rejeitou as objecções do Quénia.
Em Fevereiro de 2019, numa nova reviravolta nas relações tensas entre os dois países, o então embaixador da Somália no Quénia, Mohamoud Ahmed Nur, foi expulso após o Governo queniano ter acusado a Somália de leiloar, em Londres, reservas de petróleo localizadas na área em disputa.
Após ter cedido a três adiamentos pedidos pelo Quénia, o Supremo Tribunal da ONU, que se recusou a aceitar um quarto, começou as sessões em Março de 2021. O Quénia retirou-se do processo e não esteve presente nas sessões. A Somália classificou o gesto como "uma tentativa de boicote". Apesar da ausência do país, o julgamento prosseguiu porque ambas as nações já tinham apresentado as suas alegações por escrito. O Quénia afirma que a fronteira deve ser traçada numa linha paralela ao equador, tal como o foi a fronteira marítima anglo -italiana definida durante o período colonial.