O chefe de Estado de Moçambique, Filipe Nyusi, exonerou na terça-feira (09.11) o ministro do Interior e na quarta-feira (10.11) o titular da pasta da Defesa Nacional. Um dia depois, na quinta-feira (11.11), a Presidência da República, informou que os cargos seriam liderados por Arsénia Felicidade Félix Massingue e Cristóvão Artur Chume, respetivamente.
Em entrevista à DW África, o analista político Dércio Alfazema, diretor de projetos do Instituto para a Democracia Multipartidária (IMD), organização não-governamental, descarta "que as mexidas no governo tenham a ver com Cabo Delgado".
DW África: A remodelação no Governo pode ser parte de uma nova estratégia de combate ao terrorismo?
Dércio Alfazema (DA): Acredito que não tenha a ver com o combate ao terrorismo, até porque a estratégia de intervenção no âmbito do combate ao terrorismo e conflito na zona centro do país é uma questão que está centrada no próprio Presidente da República. Denota-se que o Presidente da República tem interesses particulares na componente das Forças de Defesa e Segurança. Ele conhece-as por dentro e por fora. Foi ministro da Defesa, dirigiu o comando de operações conjuntas, agora dirigiu o comando operativo, portanto é um setor em que ele tem estado bastante atento. É das mãos dele que vieram os ruandeses, as tropas da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e da União Europeia (UE).
DW África: Há outras razões por trás destas exonerações?
DA: Recentemente o Presidente da República visitou o comando geral da polícia, o comando das Forças Armadas e tem estado a andar nos quartéis e a acompanhar os processos de formação de polícias e militares. Pode ser que ele tenha uma outra informação que não é acessível ao público e em função dessa informação – do tipo reclamações – pode ser que ele tenha tomado essa decisão. Sustento isso pelo facto de recorrer à prata da casa, tanta nas Forças Armadas como também na polícia.
Fonte: DW