O Chefe de Estado fez a denúncia durante a abertura da 12ª sessão ordinária do Conselho de Ministros, a primeira deste ano. Referiu que a manifestação serviu de pretexto para o aproveitamento político, com vista a criar a ira dos cidadãos utilizadores desses meios de transporte urbano.
"O que ocorreu na segunda-feira foi um verdadeiro acto de terror, cujas impressões digitais deixadas na senda do crime são bem visíveis e facilmente reconhecíveis”, realçou, saudando a postura da Polícia Nacional, ao evitar enfrentar os autores dos actos de rebelião praticados naquele dia.
"Naquele fatídico dia, valeu-nos o facto de a Polícia Nacional ter agido com bastante contenção e as entidades privadas, singulares e colectivas, directamente lesadas,
terem-se comportado como verdadeiros patriotas, tolerantes e responsáveis”, salientou.
O Chefe de Estado apelou, "veementemente”, aos cidadãos, de uma maneira geral, a se absterem de qualquer retaliação pelos actos ocorridos e aos que viram os seus patrimónios vandalizados, queimados ou destruídos a não pagarem pela mesma moeda.
"Porque ninguém está autorizado a fazer justiça por mãos próprias. Entreguemos essa responsabilidade à Justiça e a outros órgãos competentes do Estado”, exortou o Presidente, sublinhando que as forças policiais estão à altura do desafio e vão garantir a ordem e a segurança dos cidadãos, das instituições e da propriedade.
O Presidente destacou a pronta manifestação, em uníssono, de indignação, repulsa e condenação pública evidenciada pela sociedade angolana, através dos representantes de partidos políticos, de confissões religiosas, de organizações não governamentais, jornalistas e fazedores de opinião, contra todos aqueles autores morais, mentores, organizadores e executantes dos actos "criminosos” de segunda-feira.
Às gerações vindouras, o Presidente exortou-as para a necessidade de se preservar, para a eternidade, as duas maiores conquistas do povo angolano, nomeadamente, a Independência Nacional e a Paz e Reconciliação, "alcançadas com muito sacrifício ao longo dos tempos”.
Disse que o acto ocorrido na segunda-feira alterou a ordem pública, vandalizou bens públicos e privados e pôs em risco a segurança física e a vida de pacatos cidadãos, trabalhadores no geral e, em particular, de profissionais da Saúde e da Comunicação Social.
João Lourenço ressaltou que a paralisação de "uma pequena parte dos taxistas de Luanda” aconteceu depois de o Executivo ter ido além da principal reivindicação das associações da classe, que pediam o alargamento da lotação para 75 por cento,”tendo-lhes sido oferecido, em contrapartida, a lotação máxima de 100 por cento, pelos relevantes serviços que prestam às populações e aos trabalhadores”.
O Presidente apelou a todos os cidadãos residentes no país, entre angolanos e estrangeiros, a fazerem a sua vida profissional e familiar "normalmente”. Disse que as eleições gerais, previstas para Agosto deste ano, vão ter lugar em ambiente de plena segurança para os eleitores e observadores, como estabelece a Constituição da República.
"Em Angola, a única forma possível e legítima de se disputar o poder político é pela via democrática das eleições”, concluiu.